Onda de calor compromete safra 2024/25, levando a uma antecipação das floradas e problemas de uniformidade nos cafeeiros, resultando em temores de queda na produção e qualidade do café.

O calor intenso que assola as principais regiões produtoras de café do Brasil está causando impactos significativos na produção, com previsões de uma safra 2024/25 abaixo das expectativas. Em Minas Gerais, maior produtor de café arábica do país, as floradas ocorreram de forma antecipada, resultando em cafeeiros com grãos verdes, secos e cerejas no mesmo pé.
Produtores, como Sérgio de Assis, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado Monte Carmelo (Monteccer), expressam preocupações sobre a redução no volume colhido e a queda na qualidade do café devido às altas temperaturas, que ultrapassaram os 40 graus nos últimos dias.
A seca e o calor excessivo estão prejudicando o processo de "pegamento" do café, comprometendo as etapas de colheita e pós-colheita. Mesmo os cafezais com irrigação enfrentam desafios, pois a tecnologia não consegue fornecer água suficiente para que as plantas reajam às altas temperaturas.
A indústria de café projeta estabilidade no mercado para o próximo ano, apesar das incertezas sobre a próxima safra. A bienalidade positiva em 2024/25 pode compensar as perdas, conforme Jonatas Rocha, diretor de marketing da Melitta. No entanto, as preocupações com o El Niño e as altas temperaturas persistem, influenciando as colheitas nos próximos ciclos.
A previsão de chuva para o próximo fim de semana traz esperança aos cafeicultores, mas o foco continua no curto prazo, pois o El Niño ainda é uma preocupação. Guilherme Morya, analista do Rabobank, destaca que a oferta global cresceu nos últimos meses, influenciando as estimativas do ciclo 2023/24.
Projeções mais claras sobre os preços do café serão feitas a partir de janeiro de 2024, quando o mercado terá mais clareza sobre as consequências das altas temperaturas. O atraso no escoamento do café pelo Porto de Santos nos últimos dois meses também contribui para a volatilidade nos preços internacionais do café. O setor aguarda com cautela as próximas reviravoltas no mercado.
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